A Citroën sempre teve uma rara capacidade de entregar produtos que exploram o universo muito particular de um habitáculo, tornando ele mais familiar, amplo, confortável e prático, e com extensão natural dessa aptidão para soluções mecânicas que ampliam o conforto através da dinâmica do veículo. O sistema de suspensão sempre foi uma referência da marca que conseguiu ao longo de décadas ser o primeiro nome a ser lembrado quando o assunto era “viajar nas nuvens”.
Muito desse ADN tem sobrevivido, mesmo com uma realidade de produtos cada vez menos autênticos, e em que ser diferente significa, muitas vezes, produto comercialmente difícil de trabalhar.
Mas propostas como o Citroën C5 Aircross, veículo que testámos durante alguns dias e do qual resumimos agora nossa experiência ao volante, conseguem reunir características que são as referências de diversos segmentos, trazendo do papel para as ruas um produto até difícil de definir em termos de segmento, mas com toda a certeza, uma agradável e atraente companhia para o perfil de cliente que busca um veículo que saia do “lugar comum”, mas que entregue também, um interior que se torne a extensão de casa, marcando com intensidade os momentos de quem passa algumas horas em seu interior, seja nos passeios de fim-de-semana, seja na condução diária de uma rotina marcada por levar o(s) filho(s) na escola, supermercado, trabalho etc.
E foi exatamente assim que nos sentimos no Citroën C5 Aircross, proposta que acrescenta ainda um design muito atraente e uma postura robusta.
Mas antes de detalharmos nossa experiência ao volante do veículo, queremos agradecer, desde já, a vossa leitura e a partilha da matéria com conhecidos, amigos e familiares, deixando o espaço de comentários à disposição para interagirem conosco através da vossa opinião sobre o modelo testado e sobre o nosso conteúdo.
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Design atraente e robusto
Sem dúvida que ao olharmos por fora para o C5 Aircross, a sensação de espaço é imediata, e as principais dimensões do modelo não enganam quanto a esta observação. São 4500 (mm) de comprimento, 1859 de largura, 1688 de altura, e ainda uma distância entre Eixos de 2730 (mm).
Além das dimensões generosas, um design refinado, que mistura elegância com traços de modernidade e uma frente que não deixa enganar que se trata de um Citroën.
Destacamos as jantes de 19 polegadas em preto (de série na versão testada) onde são instalados pneus de medida 205/55 R19 que se mostraram muito adequados à proposta que tem foco no conforto.
Esteticamente, além das jantes de liga leve, referencias para o acabamento dos para-choques (dianteiro e traseiro), as barras longitudinais do tejadilho, os espelhos retrovisores elétricos na cor da carroceria, o acabamento Bi-Tom, e ainda as proteções laterais na área inferior das portas, algo já tradicional na marca, e item que segue sendo controverso nas “rodas de amigos” grupos de whatsapp ou do Facebook, mas de muita utilidade nos apertados espaços urbanos onde sem sombra de dúvidas protege a carroceria. Como versão irreverente e mais versátil da linha C5, o Aircross tem ainda o plástico preto finalizando toda a área da carroceria, se integrando de forma elegante nas referidas proteções laterais das portas, passando pelos guarda-lamas e se unindo aos para-choques dianteiro e traseiro. Tudo de forma elegante e sem exageros.
Ainda merecido destaque para o sistema de iluminação dianteiro e traseiro, em LED, finalizando uma proposta que tem ainda vidros escurecidos atrás, e um acabamento através de um friso cromado nas molduras das janelas, entregando um toque de sofisticação merecido a uma versão que na verdade pretende ser jovem e irreverente.
Interior, a extensão de casa
Não imaginem um interior luxuoso, mas muito mais um habitáculo de soluções práticas, com peças bem encaixadas, sóbrio, onde o foco é mesmo o espaço e a amplitude, que chega não só pelo ótimo espaço, onde verdadeiramente 5 passageiros viajem confortáveis, mas também a amplitude do tejadilho panorâmico. Além disso, tudo está no lugar certo, de fácil acesso e possibilitando horas de pura diversão e conforto em família.
Mas não faltam as principais soluções, tanto ao nível da conectividade e digitalização, como tecnologias mais direcionados à condução e segurança.
O painel de instrumentos é um dos pontos bem positivos da proposta. No intuito de trazer todo um nível de informação bem interessante sobre a motorização hibrida, a marca francesa instalou um painel de instrumentos com 12,3” colorido, dinâmico e muito intuitivo, onde toda a informação é apresentada de forma fácil e rápida. Através dele podemos ver informações especificas desta versão hibrida de 48V tais como o tacómetro em azul para indicar uma condução 100% elétrica, o fluxo de energia do motor híbrido, nível de carga da bateria, modo de condução através de um medidor de potência (Charge, Eco, Power), e ainda informações como a percentagem da distância percorrida em modo elétrico, em qualquer momento e em média.
Já em relação a tela tátil da multimédia, ela se apresenta instalada em ótima posição, elevada, e de fácil leitura e manuseio, o problema, e aqui cabe a maior ressalva em relação à proposta testada, é que o infoentretenimento se apresenta numa versão “com mais anos de estrada” em relação à oferecida, por exemplo, nas versões mais completas do seu irmão de linha, C5x, sendo claras as diferenças na interatividade, cores e dinamismo com que se apresenta em níveis superiores a versão mais atualizada.
Deixamos também a necessária lista de itens que trazem conforto e segurança os passageiros do veículo. Aqui podemos destacar o volante com comandos integrados em couro e ajustável em altura e profundidade, carregamento sem fios para smartphone, item opcional nas versões mais completas, tomada 12V na consola central e na bagageira, os sensores de chuva e luminosidade além de comutação automática das luzes de estrada, ar condicionado automático de duas zonas, regulador de velocidade adaptativo, leitura de placas de trânsito, travão de estacionamento elétrico automático, fixação Isofix nos bancos laterais traseiros, terminando com os 6 airbags (frontais, laterais e cortina), isto apenas para citarmos alguns dos itens mais importantes e para não tornarmos a lista muito extensa.
Finalizamos com as referências ao conforto geral no habitáculo, onde destacamos uma ótima posição de condução, muito espaço para os cinco passageiros, já que no C5 Aircross o passageiro central do banco traseiro (3 bancos independentes, deslizantes, reclináveis e retráteis) consegue viajar de forma confortável e sem as habituais limitações de espaço nesta posição, além do já comentando tejadilho panorâmico, que amplia a visão para o mundo externo. E já que falamos de uma proposta que é muito divertida para a família, espaço também para as bagagens de todos, com 580 L de volume com a proteção do porta-malas aberta, no entanto, se recolhermos a capa retrátil, o volume aumenta para 720 litros.
Versão hibrida de 48V que não é (na prática) um Mild-Hibrid
Sem dúvida que a última grande novidade na linha do C5 Aircross, está no seu PowerTrain composto pelo conhecido 1.2 PureTech de três cilindros, turbo, e que desenvolve nesta versão hibrida 136 cv e 230 Nm associado a uma nova caixa de velocidades ë-DCS6 de dupla embraiagem com seis relações, também especialmente desenvolvida para este sistema híbrido, em conjunto que é composto ainda por um motor elétrico de 21 kW (28 cv), acionado através da energia acumulada numa pequena bateria de 48 V instalada sob o assento do condutor.
Acionando o botão Start/Stop e iniciando nosso teste dinâmico com o modelo, os primeiros metros são realizados de forma elétrica e nos recordam que estamos numa proposta hibrida, sabendo que habitualmente estas configurações chamadas de mild-hibrid entregam movimentos muito limitados no modo totalmente elétrico. Mas aqui “mora” a grande surpresa desta proposta. Podemos dizer, e corroborando o que a marca afirmava, que esta proposta não era um mild-hibrid comum, já que somos imediatamente confrontados por um sistema que, primeiro, tem uma capacidade maior de regeneração de energia, segundo, aciona muito mais vezes o modo elétrico, quase que imperceptivelmente, mas ele lá está, nos deparamos em diversos momentos da nossa condução urbana com o nosso Citroën C5 Aircross se deslocando no modo elétrico. Desta forma, é entregue, não só uma condução mais suave e agradável, como obviamente um consumo de combustível mais eficiente. E já que tocamos neste ponto, antecipar que no final do nosso teste a média em nosso circuito misto foi de 5,9 L/100 km, numa proposta que em condução exclusivamente urbana consegue entregar uma eficiência em torno de 5 L/100km.
Dinâmica focada no conforto
Nos quilômetros de estrada fica evidente o foco no conforto. O chamado Citroën Advanced Comfort, que vai dos bancos no habitáculo ao sistema de suspensão ativa com batentes hidráulicos progressivos, mecânica, aliás, composta com a configuração pseudo McPherson na dianteira e travessa deformável na traseira, escolha da engenharia, como já dissemos, totalmente focada no conformo, mas que consegue entregar um bom compromisso em termos de estabilidade em curva, entregando previsibilidade aos movimentos. A direção de assistência elétrica ajuda a ter precisão entregando confiabilidade em praticamente todas as situações a que submetemos nosso C5 Aircross.
Já em relação aos travões, eles são de disco nas quatro rodas, com os dianteiros a serem ventilados, e também eles corresponderam às expectativas do que esperamos de uma proposta com estas características, com 230 mm de distância em relação ao solo e cerca de 1531 kg de peso.
Voltando a falar da motorização, reiteramos a qualidade deste conjunto mecânico que entrega um bom casamento do sistema hibrido com a caixa automática de 6 velocidades, com relações que nos levam a uma evolução linear em aceleração, suave em movimentos a baixa velocidade, e onde a opção da engenharia da marca é obviamente por trocas a baixas rotações, privilegiando a redução do consumo em detrimento do desempenho desportivo, que não é, obviamente, a sua “praia”.
No entanto, reiteramos a disponibilidade do motor para responder às necessidades imediatas, como ultrapassagens, numa proposta mecânica que ganha diversas configurações e ajustes no universo Stellantis e das suas mais diversas marcas e produtos, onde é muito aplicado , e em que sempre confirma que estes motores “menores” 1.2 turbo de três cilindros são muito capazes, podendo ser elásticos e rápidos, quando necessário, trazendo confiança e segurança, e preservando o bolso do pai de família através de um consumo de combustível mais equilibrado.
Quanto ao preço, habitualmente recorremos ao configurador das marcas em suas páginas na internet, e atualmente o preço proposto para a versão testada é de 37 335,01 €C/IVA o que o qualifica diante da concorrência como uma opção muito competitiva em termos de mercado.
Conclusão do editor
O C5 Aircross é daqueles veículos que, sem dúvida, queremos levar para casa. Em nosso instinto de querer entregar o melhor para a família, o modelo da Citroën nos remete de imediato a espaço amplo e confortável, sem obviamente esquecer os principais itens de segurança. Além disso, sua versatilidade e um design muito agradável que entrega “respeito” por onde passa fazem dele uma proposta a ser levada em conta.
E esta versão hibrida de 48V apresenta recursos em permanente evolução, sendo uma ótima opção para a entrada no universo dos veículos eletrificados, podendo o condutor sentir a experiência de uma condução totalmente elétrica em pequenos trajetos urbanos, com isso trazendo mais conforto para sua família e reduzindo o consumo para níveis bem interessantes.
Uma proposta muito equilibrada e atraente, mostrando, mais uma vez, que, quando falamos de espaço, conforto e diversão para a família, a Citroën continua a ser uma das referências.
Fotos: Publiracing e Citroën (Interior)
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