Antes da chegada no final do ano da anunciada atualização ao Citroën C3 Aircross, proposta que já se sabe, chegará maior, com a opção de 7 lugares, e com uma esperada versão totalmente elétrica, nossa equipa rodou durante alguns dias com a atual geração do modelo, experiência que, mesmo a poucos meses da chegada do seu substituto, julgamos ser importante, afinal, além das unidades ainda disponíveis nas lojas da marca, o mercado de usados estende a vida destes modelos ao longo dos próximos anos.
A versão que recebemos para teste foi a Citroën C3 Aircross 1.2 PureTech 130 S, versão especial Rip Curl lançada em 2022 e fruto de uma parceria estética entre a fabricante do grupo Stellantis e a conhecida marca de surf australiana. Uma proposta na qual a marca francesa vem apostando nos últimos anos para atingir um público jovem, através de seu visual versátil e ao mesmo tempo citadino, finalizado com um interior prático, mas conectado. Esta composição tem dado muito certo, prova disso, as mais de 500 mil unidades já vendidas do modelo, que sempre conta com uma política de preços bem agressiva e competitiva.
Com um visual que nos agrada, esta geração do C3 Aircross vem com as tradicionais linhas de faróis que nos últimos anos era (já que na geração que está por chegar tudo muda) a imagem de marca da Citroën. E sinceramente, sempre foi para nós algo em que os franceses eram referência, já que seus modelos carregavam uma identidade muito própria que nos aproximava imediatamente da marca. A secção frontal destaca o chevrons cromados duplos que se prolongam até aos faróis de condução diurna em LED., para nós, dos traços mais bem conseguidos e criados pela engenharia de uma marca ao longo da última década, design que automaticamente nos transporta para a identidade da Citroën.
Voltando ao nosso modelo, ele tem 4.155 (mm) de comprimento, 1.765 de largura, 1.648 de altura e distância entre eixos de 2.604 mm. A série limitada Rip Curl vem com alguns detalhes numa tonalidade azul, que fazem referência ao oceano e ao mundo do surf. As inserções e as conchas dos retrovisores exteriores destacam estes azuis metálicos que atraem o olhar em contraste com a cor do veículo. O resultado final é muito agradável. O C3 Aircross Rip Curl conta ainda com um tejadilho em preto brilhante, assim como as irreverentes barras longitudinais do teto, molduras das janelas e as Jantes também em preto, tudo isso harmonizando muito bem com a cor da carroceria.
E porque falamos de jantes, referir que elas são diamantadas de 17” onde são instalados pneus de medida 215/50 R17. Ainda como destaque na lateral, a assinatura "Rip Curl", inscrita na carroçaria, mais precisamente na área inferior das portas traseiras.
Finalizando nossa observação ao exterior, no Aircross não faltam as peças em plástico para dar acabamento à carroceria, solução muito utilizada pelas marcas nestas opções mais irreverentes, e no C3 Aircross estas peças são vistas em toda a área inferior da carroceria, passando pelo para-choques dianteiro, caixas das rodas, assim como na traseira, aqui de forma expressiva.
Um carro esteticamente agradável, o que nem sempre é fácil pelas reduzidas dimensões dos modelos compactos, que chama, naturalmente, para um público jovem, resultando em mais um bom trabalho do design da Citroën, que se sente muito confortável neste tipo de proposta.
Interior prático e conectado
O interior do modelo traz muita da essência da proposta – prático - sem muitos requintes de sofisticação, mas todos os principais comandos (físicos) bem evidentes e corretamente posicionados. O plástico escuro (assim como os bancos) domina por completo todo o ambiente, onde a falta de cor, seja talvez a principal ressalva para o habitáculo, principalmente porque estamos a falar de uma proposta irreverente e que apela para a harmonia das cores no exterior o que poderia ter sido transportado para o interior.
A aparente simplicidade do plástico duro, é contrariada pela ótima integração entre as peças e solidez de todo o conjunto, entregando um interior bem-acabado e sem ruídos incômodos.
A posição de condução certa para nós foi fácil de encontrar e rapidamente nos sentimos confortáveis no C3 Aircross, uma proposta que como qualquer compacto é ótimo para 4 passageiros sendo que a quinta posição (central no banco traseiro) tem as suas limitações em termos de espaço como qualquer veículo desta categoria.
Ainda falando de espaço o volume da sua bagageira é extensível dos 410 aos 520 litros quando o banco traseiro está na sua posição mais avançada e até aos 1.289 litros quando é rebatido.
Como referimos, o C3 Aircross oferece um interior com algumas das tecnologias mais comuns e desejadas no segmento. Apresenta um ecrã tátil de 9 polegadas, que permite o uso do Citroën Connect Nav e a função Mirror Screen, compatível com Android Auto e Apple Car Play. Não falta também, o sistema Citroën Connect Assist. O posicionamento do ecrã é correto e de fácil observação pelo condutor.
Com algumas outras tecnologias de assistência à condução que vimos em veículos de categorias superiores, o C3 Aircross (dependendo das versões) torna as viagens mais tranquilas e seguras com recursos como o head-up display a cores e Grip Control, sistema Active Safety Brake ou o prático sistema de comutação automática de luzes. Também oferece comodidades como acesso mãos-livres, Park Assist e câmara de visão traseira.
Com uma posição de condução alta, boa visibilidade e ambiente que nos conecta com o mundo exterior através das amplas superfícies vidradas, a sensação de bem-estar é imediata, deixando para os passageiros a oportunidade para momentos de diversão, seja na cidade, ou na praia.
Dinâmica equilibrada
E foi precisamente para o seu local de inspiração, a praia, que fomos com o nosso C3 Aircross nesta versão Rip Curl. Com um peso de 1.284 kg nosso modelo é equipado com o conhecido motor a gasolina de 1199 cc, com 3 cilindros em linha, injeção direta, turbo, intercooler e que entrega uma potência de 131 CV às 5500 rpm. Já o binário é de 230 Nm a partir das iniciais 1750 rpm.
Quanto à transmissão, o C3 Aircross é um veículo de tração dianteira equipado com a caixa automática de 6 velocidade. Este conjunto proporciona uma evolução suave e sem qualquer foco na esportividade. O ajuste foi pensado em proporcionar conforto, apesar do turbo entregar alguma capacidade de resposta nos giros iniciais, muito útil quando é necessário realizar movimentos mais rápidos na condução citadina ou até mesmo em estrada em situações como ultrapassagens, onde capacidade de aceleração é sempre muito bem-vinda.
Muito do conforto já referido é fruto de um bom ajuste da suspensão, com a configuração Independente do tipo McPherson na frente e eixo de torção na traseira, a engenharia da marca equilibrou muito bem a visível maior altura em relação ao solo (necessário para entregar mais versatilidade à proposta), sem comprometer o conforto e a eficiência dinâmica através de uma temida inclinação excessiva.
Aliás, o C3 Aircross é um veículo honesto, que entrega o que promete, como já dissemos, sem arrojos de desportividade, mas com boa evolução, seguro e divertido.
Contribuindo para a referida segurança, além da suspensão, os discos de travões nas quatro rodas, sendo que os da frente são ventilados, além de uma direção de assistência elétrica que permite movimentos precisos e rápidos.
Em termos de consumo, podemos dizer que esta experiência com o modelo está dentro do que era esperado, sua motorização e transmissão, além do posicionamento mais alto de carroceria, tudo fatores que influenciam o resultado em termos de eficiência. Ao final de nosso teste o consumo médio em nosso circuito misto foi de 5,7L por cada 100 km, lembrando que o tanque de combustível é de 45L entregando cerca de 900 km de autonomia se conduzirmos no padrão do nosso teste, em que procuramos simular um condutor padrão. Se a condução for mais dinâmica a expectativa é de uma autonomia pouco superior a 700 km.
Conclusão do Editor
O C3 Aircross vai a ter sua gama renovada no final do ano, com a chegada de uma proposta maior, esteticamente diferente e com sete lugares, além da esperada versão elétrica, resultando numa revolução total ao modelo, mas esta (ainda) actual geração que descrevemos em nosso texto é esteticamente muito agradável, divertida, versátil, e como referimos, com muita personalidade, não deixando de entregar alguns dos recursos mais comuns no segmento e que o cliente imediatamente procura. A Citroën foi até mais além, e no momento da chegada desta geração entregou o modelo muito bem equipado em termos tecnológicos, afinal, seu perfil mais jovem atrai um estilo de público mais conectado, no bom Português, mais desenrascado e que encontra nesta versão um carro versátil e agradável, com um nível de consumo equilibrado e com recursos mecânicos e tecnológicos suficientes para uma rotina citadina muito agradável, sem deixar de cumprir com tranquilidade sua função de carro para viagens maiores com a família.
Próximo Teste - Renault Megane E-Tech 100% elétrico
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