Recebemos em nossa garagem o Honda ZR-V, um C-SUV que veio ocupar um espaço entre o utilitário desportivo de entrada, HR-V, e no topo, o CR-V, produto intermédio entre os SUVs da marca que tem a difícil missão de concorrer com propostas muito competitivas.
Mas todos sabemos que a Honda tem um cliente muito fiel a sua essência, que busca essencialmente produtos de boa qualidade dinâmica e mecânica, e dos quais sempre se espera muito em termos de eficiência no consumo, deixando de lado fatores que não influenciam tanto na eventual decisão de compra como grandes revoluções estéticas no design exterior, ou ainda o habitual pragmatismo no habitáculo, onde, apesar da tecnologia disponibilizada, o conservadorismo é a palavra de ordem. E foi com estas indicações, além da importantíssima referência de uma plataforma e mecânica com ADN mais que confiável, do seu irmão de casa, o Civic, que iniciámos nosso teste que percorreu cerca de 800 km para conhecermos a proposta da marca japonesa.
Mas antes de detalharmos nossa experiência ao volante do veículo, queremos agradecer, desde já, a vossa leitura e a partilha da matéria com conhecidos, amigos e familiares, deixando o espaço de comentários à disposição para interagirem conosco através da vossa opinião, sobre o modelo testado, e também sobre o nosso conteúdo.
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Dimensões generosos em visual conservador
Olhando para o ZR-V, observamos uma proposta que é conservadora no design, tornando-se discreta, mas ao mesmo tempo sóbria, sem ser necessariamente ultrapassada. Ao mesmo tempo suas dimensões generosas entregam imediatamente a postura de um carro robusto, o que é fundamental no segmento.
São 4568 (mm) de comprimento total, 1840 de largura, 1613 de altura, e uma distância entre eixos de 2657. Ainda uma importante referência, a distância em relação ao solo, com 129.93 (mm). Sua configuração e suas jantes de 18" em liga leve – Pretas – onde são instalados pneus de medida 225/55 R18, já antecipam um SUV de essência focada principalmente no asfalto, na estrada e nas ruas da cidade.
De linhas arredondadas e conservadoras, o ZR-V apresenta-se distante do design mais arrojado e moderno da grande maioria dos seus concorrentes, mas nem por isso menos chamativo, já que se impõe pela postura sóbria e de aparência robusta. O equilíbrio com o moderno é conseguido através de peças em preto brilhante, utilizado no acabamento da carroceria, seja em ambos os para-choques, com destaque para a grade dianteira do tipo colmeia, muito atraente por sinal, além das molduras das janelas e caixas dos espelhos retrovisores, tudo no já mencionado preto brilhante, entregando com isso uma carroceria de design muito equilibrada, onde não falta o necessário toque desportivo reforçado através da dupla saída do sistema de escape.
No necessário equilíbrio entre o conservadorismo e o moderno, destaque final para o sistema de iluminação totalmente em LED (faróis, luzes de nevoeiro e luzes traseiras), com sistema automático de luminosidade e comutação entre luzes alta e média.
Interior sóbrio e “tipicamente” Honda
Já olhando para o interior, fica imediatamente claro que estamos no interior de um Honda, com o seu habitual pragmatismo, com tudo bem ao estilo da marca, trazendo muito do Civic para o habitáculo do nosso ZR-V.
A Honda neste nível de produtos entrega materiais de qualidade, com bom acabamento e boa integração entre as peças, tendo como resultado final um espaço consistente, de materiais agradáveis ao toque e quase isento de ruídos desagradáveis.
Já a disponibilidade de espaço é a de um verdadeiro SUV familiar, em que viajam 5 pessoas de forma confortável, até mesmo na posição central da segunda fila, que tradicionalmente pode apresentar limitações na área dos joelhos.
Apesar de deixar de lado grandes mudanças ao que já reconhecemos da marca em termos de design interior, não faltam os principais itens de conforto, auxílios de segurança e também relacionados à necessária digitalização, com isso imediatamente sentimos que estamos em um ambiente que se apresenta conservador, mas ao mesmo tempo sóbrio e elegante, mas onde não falta praticamente nada do que se pede para um veículo deste segmento.
Começamos pela segurança, onde não faltam airbags frontais, laterais, de cortina e de joelhos para o condutor, além dos obrigatórios fixadores para cadeira infantil ISOFIX disponibilizados nos dois lugares das extremidades do banco traseiro.
Auxílios como sinalizador de perigo de colisão frontal, sistema de assistência à manutenção na faixa de rodagem, aviso de saída de faixa, limitador da velocidade e controlo da velocidade de cruzeiro adaptável além do reconhecimento de sinalização de trânsito também não faltam nesta versão Sport.
O volante é em pele e tem regulação em altura e profundidade, acabamento que também é utilizado nos bancos juntamente com tecido. Já que falamos em bancos, referir que os dianteiros têm sistema de aquecimento. O cromado é utilizado nos puxadores das portas, com o alumínio a ser destaque nos pedais do condutor.
Com o travão de estacionamento elétrico (com função Brake Hold), a área central entre os bancos ficou mais limpa e agradável. Já o ar-condicionado é automático de duas zonas com saída para a segunda fila de bancos.
Em termos de digitalização são duas fichas USB na frente e mais duas para os passageiros atrás, disponibilizando nosso ZR-V carregamento sem fios para telemóvel. O ecrã da multimídia é de 9 polegadas integrando o sistema Honda Connect com navegação, e ligação a Apple CArPlay e Android Auto, com informações sobre trânsito em tempo real.
Já o sistema de áudio é distribuído através de 8 colunas entregando um bom ambiente sonoro, algo para nós fundamental para garantir um habitáculo que permite experiências envolventes.
Finalizando nossa descrição do interior, referir que o porta-malas é de abertura elétrica, disponibilizando 390 litros de volume de espaço.
Comportamento de Civic com carroceria de SUV
Saber que o ZR-V vem montado na plataforma do Civic e que utiliza muitas das configurações mecânicas do sedan foi um ótimo ponto de partida para nosso teste dinâmico, mas longe de nós imaginar que eles se aproximariam tanto em termos de comportamento, e isso foi uma agradável surpresa.
Aquela sensação de carro sempre “na mão”, que entrega estabilidade em curva, com uma direção precisa e um comportamento previsível e que entrega muita segurança. Tudo isso se sente no ZR-V, assim como no Civic.
O powertrain é composto pelo motor 2.0 (1993 cm³) aspirado de injeção direta e um motor elétrico, entregando uma potência total de 181 cv com 315 Nm de binário. O sistema de propulsão fica ligado a uma caixa de velocidades do tipo CVT numa solução muito idêntica à utilizada em algumas versões do Civic.
Com esta configuração, o ZR-V evolui de forma muito eficaz, entregando respostas com relativa agilidade se traduzindo em muita segurança. Apesar de não sermos adeptos da solução CVT, ela se mostra, uma vez mais, muito bem configurada pela engenharia da marca, entregando, uma proposta com recursos dinâmicos muito interessantes, capaz de ir da imobilidade aos 100 km/h em apenas 8s, e apresentando resultados ao melhor nível do que tem de melhor no segmento em termos de consumo de combustível, com média de 5,9 L/100 km ao fim do nosso teste, valor, aliás, muito próximo aos divulgados pela marca. Referir que o tanque de combustível é de 57 Litros o que acaba por entregar uma boa autonomia ao modelo.
A suspensão é mais um item que reforça a qualidade de todo o conjunto mecânico e preponderante para seu comportamento, muito elogiável por sinal, e que deixa o SUV muito próximo do Civic em termos de dinâmica e segurança, tanto em curva, entregando uma postura que passa a sensação de estar “agarrado” no asfalto, além de permitir muita agilidade com reações rápidas e precisas. A suspensão dianteira é Independente do tipo McPherson e a traseira Multi-link. Esta opção técnica entrega mais recursos para que se encontre o melhor compromisso entre conforto e desempenho o que é algo que os engenheiros da marca conseguiram trabalhar com muita eficácia, já que nosso SUV apresenta uma postura firme, deixando de lado aquele, por vezes incomodo, movimento de carroceria típico de veículos com centro de gravidade elevado, fazendo lembrar produtos premium em termos de dinâmica de condução e elevando muito o patamar da proposta.
Também muito eficiente é o sistema de travões, composto por discos nas quatro rodas e com os dianteiros a serem ventilados, com isso o ZR-V entrega não só capacidade de travagem, mas também grande equilíbrio quando sujeito a reduções de velocidade mais severas e em pisos de menor aderência, lembrando que são 1.604 kg de peso em nossa versão hibrida Sport, mas que contamos com todos os obrigatórios sistemas de auxilio à segurança, tais como ABS (Sistema de Travagem Anti-bloqueio), distribuição eletrónica da travagem, auxilio à travagem, além dos habituais controles de estabilidade e tração, sem esquecer o prático auxilio de arranque em subida.
Conclusão do Editor
Sabe aquele Honda Civic que você tanto gosta e que nós sempre elogiamos pelo excelente comportamento dinâmico? - Pois é, a Honda “recriou” o modelo, mas no formato de SUV, precisamente nesta proposta que nossa equipa recebeu para teste, o ZR-V. Na versão Sport e a partir de 49.750 €, o veículo da marca japonesa surpreendeu pelo trabalho de desenvolvimento que a engenharia da marca fez para adaptar a carroceria SUV numa proposta como o Civic, que tão boas referências dinâmicas deixa cada vez que passa pela nossa garagem.
Agora ao conduzir o ZR-V ao longo de praticamente 800 km entendemos que apesar das características muito especificas deste tipo de carroceria, a base que herda do Civic e seus componentes mais importantes, como a plataforma (da 11ª geração), motor, transmissão, e até muito do interior, entrega o mesmo veículo de postura robusta, sóbria e muito confiável nas reações em estrada.
Um sistema hibrido que permite ao powertrain fazer sempre uma boa gestão dos recursos, alternando entre o modo elétrico e o motor a combustão de forma totalmente autônoma, mas muito eficaz em termos de resultados, tanto nos dinâmicos, como os relacionados ao consumo de combustível, mais uma vez uma grata confirmação do ótimo trabalho da marca em seus sistemas de motorização.
Um produto conservador no design, discreto até, mas que não deixa de incorporar detalhes que o deixam atual, e onde sua essência mecânica, sua qualidade dinâmica e seu habitáculo sóbrio e de elevado nível em termos de acabamento e dos materiais utilizados, são seus principais argumentos.
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