Iniciamos este nosso teste, referindo que o Renault Megane E-Tech 100% Elétrico, alvo de nossa atenção durante alguns dias, era um desejo tanto profissional, como pessoal, visto que o lançamento do modelo ocorreu durante o processo de transição de parte de nossa equipa do Brasil para Portugal, com isso, ficou adiado para um momento oportuno, o que aconteceu agora, conhecer em detalhe a versão mais completa do modelo, que chegou na forma de um Megane totalmente diferente daquele que conhecíamos de gerações anteriores, onde apenas sobreviveu o nome, tudo o resto é novo.
Destaque inicial para suas linhas totalmente revolucionárias, ao mesmo tempo muito equilibradas e harmoniosas. O novo Renault Megane E-Tech 100% elétrico chama os olhares devido a sua silhueta de aparência robusta e atraente, que é, sem dúvida, um projeto muito bem trabalhado pela engenharia de design da marca francesa e que chegou trazendo para o público não só um novo Megane, mas também uma nova Renault.
Como referimos, a postura do Megane é de um veículo encorpado, com uma linha de cintura alta, ao mesmo tempo com uma queda na área da terceira coluna que nos remete para uma carroceria ao estilo coupé. Como principais dimensões, referências para o comprimento total de 4199 (mm), altura de 1505, largura (incluindo retrovisores) de 2055, distância entre eixos de 2685 e uma altura em relação ao solo de 145 mm. Ainda contribuindo para a postura robusta e ao mesmo tempo desportiva, as atraentes jantes de liga leve de 20” onde são instalados pneus de baixo perfil de medida 215/45 R20 95.
No exterior, predominância para a cor cinzenta da carroceria, com o tejadilho e área das janelas (escurecidas) em preto brilhante, molduras que em sua parte superior têm como acabamento um friso em cromado que se estende de forma longitudinal até terminar na área da terceira coluna, envolvendo o puxador das portas traseiras. Reiteramos, mais uma vez, o belíssimo design do modelo. Destaque ainda para o para-choques dianteiro desportivo e com a chamada lâmina F1 dando um ar de exclusividade, acabamento também utilizado no para-choques traseiro.
Também em preto brilhante são os espelhos retrovisores exteriores, elétricos e com sistema de desembanciamento e rebatíveis automaticamente.
O sistema de luzes é outra referência muito positiva do modelo, o que contribui muito para seu design moderno.
Totalmente em LED, são destaques o sistema de iluminação adaptativa, a arrojada assinatura de condução diurna, além dos faróis de nevoeiro. Na traseira uma elegante iluminação que percorre toda a largura do veículo, também em LED, e com indicador dinâmico de mudança de direção. Destaque para o sistema de comutação automático de faróis, tanto em condução de estrada como quando sinalizamos uma mudança de direção em cruzamentos.
Interior moderno e tecnológico
O habitáculo do Megane se apresenta surpreendente. Com sistema de chave inteligente, ao estar próximo do veículo os puxadores embutidos (portas dianteiras) ficam disponíveis, permitindo o acesso ao interior do veículo.
Logo nos deparamos com um habitáculo totalmente digitalizado, onde o destaque são os dois grandes ecrãs, um destinado ao painel de instrumentos com 12,3 polegadas e o central de 12 polegadas. O sistema multimédia openR link entrega uma integração total com os sistemas Android Auto ou Apple Car Play com merecida referência positiva para a sua interatividade, comandos intuitivos, práticos e muito agradáveis em termos visuais, e claro, um destaque especial para o ótimo sistema de navegação integrado ao Google sem esquecer o sistema de som premium Harman Kardon com 9 altifalantes.
Todo o interior é muito agradável, tanto esteticamente como na questão da escolha dos materiais utilizados e seu acabamento. A integração das peças se mostrou de muita qualidade, já que nos 700 km percorridos a ausência de ruídos e a sensação de solidez foi sempre uma constante.
Como proposta muito completa, não faltam, por exemplo, ar condicionado automático bi-zona, sistema de aquecimento dos bancos dianteiros e do volante, duas entradas USB para os lugares dianteiros mais duas para o banco traseiro, ou ainda, carregador de smartphone por indução.
A consola central ficou com um design mais “aberto” que o normal, mas o túnel em posição elevada pode limitar os movimentos de joelhos e pernas nesta área. Naturalmente, temos espaço para uma garrafa de água e alguns objetos, além do inevitável apoio de braço. Notada a ausência do tradicional selector dos modos P/D/N/R, que a Renault transferiu para o volante, naquele que é o detalhe que menos gostamos do Megane, já que entendemos como pouco prático seu posicionamento, podendo até ser gerador de alguma confusão. É claro que tudo é uma questão de hábito, e nada como o convívio diário com o Megane para o cérebro se adaptar a detalhes bem específicos como este.
O sistema Renault Multi-Sense coordena as tecnologias do Megane E-Tech 100% Elétrico de forma a atender as preferências do condutor: iluminação ambiente, resposta do veículo e suavidade da direção. São 5 modos disponíveis (Eco, Neutral, Comfort, Perso ou Sport) e de acordo com o modo de condução escolhido, a iluminação e o painel de instrumentos se adaptam e o interior do veículo ganha uma vida distinta de acordo com cada escolha, traduzindo a opção dinâmica com um ambiente característico do habitáculo.
A título de exemplo, o modo ECO permite atuar sobre as configurações eletrónicas do motor de forma a limitar as acelerações, além de controlar a utilização de ar condicionado, tudo isso de modo a preservar a autonomia do veículo. Se esta opção é muito eficiente para quem pretende economizar bateria e ter o máximo de autonomia, ele também requer alguma atenção se for necessário realizar manobras que exijam aceleração e maior velocidade, já que o sistema limita o desempenho do Megane o que que pode deixar o condutor sem “recursos” a meio de uma ultrapassagem, por exemplo.
Antes de deixarmos o interior, referência para a ótima posição de condução, através dos ajustes possíveis tanto no banco como no volante (altura e profundidade), onde a sensação de conforto é total, com espaço na dianteira e menos na traseira, até pelo característico design do modelo que tem uma queda do tejadilho após a segunda coluna podendo deixar um pouco menos confortáveis passageiros de estaturas mais elevadas.
A última referência no habitáculo é para o porta-malas que entrega 440L de volume para bagagem, e com o acesso menos prático devido à elevação da estrutura da carroceria em relação ao piso da bagageira. Não sendo um problema, é muito mais uma característica, mas que pode, no entanto, condicionar o acesso ao espaço para pessoas com uma mobilidade menor. Finalizando, e apesar de ser um veículo totalmente elétrico, deixar a informação que por baixo do capô não é possível guardar nada, já que componentes como sistemas de gestão de energia, inversores e o próprio motor ocupam este espaço.
Segurança, conforto e diversão ao volante do Megane elétrico
O Megane elétrico com esta configuração surpreendeu pelo seu desempenho, entregando dinamismo e conforto de forma muito equilibrada, deixando o produto em níveis bem interessantes sobre estes dois prismas, nem sempre fáceis de equalizar.
Com um nível de equipamento e sistemas ADAS que o deixa entre os melhores do segmento, ele entrega airbags com bolsas frontais, laterais e de cortina, indicador de pressão dos pneus, sistema de travagem de emergência ativa com deteção de ciclistas e peões, alerta de distância de segurança em relação ao veículo na frente, além de sistema de prevenção e aviso de saída involuntária da faixa de rodagem.
Ainda fazendo parte do ótimo pacote, o reconhecimento de sinais de transito com alerta de excesso de velocidade, os fundamentais controles de estabilidade e tração, com sistema de ajuda a arranque em subida, câmara de marcha-atrás, sensores de chuva e de luminosidade.
Como principais referências em termos de PowerTrain, dizer que o motor eléctrico EV60 entrega o equivalente a aproximadamente 220cv com 300 Nm de binário. A capacidade da bateria nesta versão é de 60 kWh.
A potência de carga máxima permite até 130 kWh com o carregador CC, desta forma recuperamos até 300km em 30 minutos. Já se utilizarmos o Carregador CA recuperamos até 150km de autonomia em 1 hora com o cabo de série (wallbox).
Podemos dizer que o Megane nesta versão testada é um veículo bastante confiável quanto ao consumo de energia previsto quando escolhemos um trajeto. Além disso, ele é econômico, entregando no final do nosso teste uma média de 16,1 kWh/100 km sendo que em nosso teste percorremos cerca de 460 km em estrada, sempre no limite da velocidade permitida, e outros 240 km em circuito urbano. Uma média bem interessante para o conjunto motor/bateria entregando uma autonomia em torno de 400 km. Já se utilizarmos o modo Sport, essa autonomia cai drasticamente, o que, aliás, acontece com todos os veículos elétricos.
Assinalar o comportamento muito interessante de todo o conjunto, que nos faz até esquecer o comportamento dinâmico muito característico de uma grande maioria dos veículos elétricos, caracterizados pelo peso adicional das baterias, mas principalmente, pela necessária distribuição desse peso.
No caso do nosso Megane E-Tech Iconic a plataforma CMF-EV é uma ótima base para um veículo com uma afinação de suspensão muito interessante. Do tipo independente MacPherson na frente e independente Multibraços na traseira, a engenharia da marca conseguiu um equilíbrio quase perfeito, entre precisão nas respostas, estabilidade e eficiência em curva, sem deixar de apresentar um bom compromisso em termos de conforto. A direção leve e precisa foi outro dos componentes que ajudou a transmitir muita confiança ao longo do teste.
Também muito eficazes, os travões, são de discos ventilados na frente e sólidos na traseira e que completam um conjunto mecânico muito interessante que junto com um design atraente e um interior tecnológico e envolvente entregam um produto que em nossa opinião apresenta-se hoje como uma proposta bem mais atraente que opções como Volkswagen ID.3 ou Tesla Model 3.
Conclusão do Editor
Com o preço da unidade ensaiada em 46 716,00 €, o Megane E-Tech nesta versão Iconic é uma proposta que apresentou não só um novo Megane, mas também uma nova Renault. Quando ele chegou ao mercado, a marca mostrou que tinha fortes argumentos para conquistar seu espaço neste segmento C para veículos elétricos, cada vez mais competitivo.
Além do design agressivo e atraente, totalmente revolucionário para os padrões da marca, ele apresenta-se tecnologicamente muito bem resolvido, seja com soluções ao serviço da segurança, seja entregando um interior onde o conforto e a digitalização são observadas a cada detalhe.
Além disso, um PowerTrain de muita qualidade, que entrega não só performance na medida certa, como ainda uma eficiência em termos de consumo que nos permite viajar tranquilos para praticamente qualquer destino em Portugal, sem grandes preocupações, e sempre com uma reserva.
Resumindo, um carro que surpreendeu em diversos aspectos que sempre observamos com atenção quando colocamos na balança no momento da escolha de um veículo novo para levar para nossa garagem, um produto com raríssimas ressalvas, como o caso do espaço reduzido nos bancos traseiros, mas que no pacote geral se apresenta como uma ótima opção no segmento dos veículos com carroceria hatchback C familiares e totalmente elétricos.
Fotos: Publiracing e Renault (Interior)
Próximo Teste: Nissan X-TRAIL e-POWER (213 CV) e-4ORCE Tekna (7L)
Matéria muito boa, falando o fundamental